
Já no Mais Querido, o jogador foi galgando espaço, até que em 2001 começou a ser melhor observado das arquibancadas. Não era difícil escutar um diálogo como esse entre torcedores: “Tem um menino que tá vindo do Junior que vai detonar”, “Qual o nome dele?”, “Carlinhos!”.
E o menino detonou de verdade pela primeira vez em um clássico, contra o Náutico, no Arruda. Usando sua principal característica, a velocidade, Bala fez os dois gols da virada tricolor por 2x1, o segundo aos 44 do segundo tempo, levando à loucura a parte coral do público que lotava o estádio.
Mas Bala ainda não era um jogador pronto. Era afobado, ineficiente, inexperiente e conseqüentemente criticado pela torcida. Como resultado disso, quando começou a Série A daquele ano, Bala foi emprestado ao rival Náutico, da Série B, onde fez uma dupla de sucesso com o atacante Kuki.
Terminado 2001, Carlinhos estava de volta ao Santa. Em 2002, fez alguns bons jogos, mas os defeitos permaneciam e ele acabou saindo mais uma vez, foi defender o Beira-Mar, de Aveiro, em Portugal, junto com o também prata-da-casa Marcelinho. Parecia ser mais uma história do prata-da-casa que despontou, mas não estourou, mais uma promessa. Mas, definitivamente, ser mais um não combina com a trajetória do Bala
O jogador ficou em Portugal até junho de 2004, quando retornou ao Santa, com a Série B já em andamento. Em sua reestréia, contra o Marília, Bala fez dois gols, sendo um deles um golaço de fora da área. A torcida então viu que Carlinhos não era mais o mesmo que deixara o clube em 2002, estava melhor.
Os gols foram surgindo e Bala foi tornando-se o ídolo maior da galera. Carlinhos começou também a sentir na pele aquele ditado “A mão que afaga é a mesma que apedreja”. A festa dos gols era substituída rapidamente por críticas a pênaltis perdidos, qualquer maior jejum de gols, era seguido de especulações da torcida sobre falta de motivação e respostas contundentes do jogador, mas bastava a bola balançar as redes e tudo voltava a ficar bem.
Veio 2005 e com ele a glória. Bala começou o ano mal, sem marcar nas sete primeiras partidas, até que, contra o Petrolina, no Arruda, o atleta desencantou e não parou mais. Foram 12 gols no estadual e três na Copa do Brasil, o Santa conquistou o título estadual, prometido por Bala, encerrando o jejum de conquistas e a torcida gritou: “Caaarrllliiiiinnnhhooosss Bala! Bala!”.
Faltava a Série B, faltava, pois com um futebol arrasador Carlinhos liderou o Santa Cruz em uma campanha que praticamente não viu rivais. Quando não fazia gols, dava passes, brigava na defesa, era um faz tudo. Não poderia ser diferente, o Santa conseguiu o acesso à elite e Bala terminou como vice-artilheiro, mais uma vez aclamado pela torcida.
À essa altura, todos já estavam acostumados a boatos que diziam que Bala já estava vendido, que o atleta sairia. Era algo natural, mas enquanto esse momento anunciado não chegava, veio 2006 e vieram mais gols, muitos gols. Dos 45 marcados pelo Santa até agora, 22 foram de Carlinhos, quase 50%. Bala terminou como artilheiro do Pernambucano, impressionantemente, o primeiro titulo desse tipo na carreira do jogador.
Bala sai do Santa com destino ao Cruzeiro, deixando um legado mais que positivo. O atleta fez 59 dos 181 gols do Tricolor desde que voltou, quase um terço do total. Conquistou títulos e ajudou a expor a marca do clube no país e o principal, foi algo que há muito tempo os tricolores não tinham, um ídolo de verdade, com carisma entre todas as idades, mas principalmente entre aqueles que garantirão a continuidade da Nação Tricolor, as crianças.
Por tudo isso, todos aqueles que fazem o Santa Cruz só têm a agradecer a Carlinhos Bala e lhe desejar sucesso nesse novo horizonte que lhe surge à frente. E que aquele grito nunca deixe de ecoar nas arquibancadas do Mundão: “Caaarrllliiiiinnnhhooosss Bala! Bala!”. Valeu, Bala!
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