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sábado, 21 de janeiro de 2012

Carlinhos Bala: 'Me deram o título de Rei de Pernambuco, e assumi'


Entre idas e vindas pelos clubes pernambucanos, o atacante Carlinhos Bala parou novamente na equipe que o formou para o futebol nacional, o Santa Cruz. Aos 32 anos, o jogador retornou ao Arruda, mas desta vez, cercado de desconfiança e até rejeição por parte da torcida coral, que já o viu ser ídolo não somente vestindo as três cores do clube, mas com os uniformes dos principais rivais do Estado.
Na terceira passagem pelo Santa, entretanto, Carlinhos se disse mais experiente para lidar com as adversidades que estão circundando a sua carreira, recheada de conquistas, mas que, nos últimos anos, entrou numa vertente para baixo com polêmicas, dispensas, provocações e até uma acusação de tentar manipular o resultado de um jogo para livrar o Fortaleza do rebaixamento para a Série D do Brasileiro.

Em entrevista ao GLOBOESPORTE.COM/PE, Carlinhos Bala conta como será o desafio de recuperar o prestígio que sempre teve em Pernambuco e faz um balanço de toda a carreira: desde a passagem pelo futebol do exterior, em Portugal, até a grande oportunidade que teve no Cruzeiro. Ressaltando a sua identificação com o Santa Cruz, o atacante não descartou pendurar as chuteiras no lugar onde tudo começou e pelo qual fez questão de afirmar o seu carinho e admiração.
Você sempre costumou chegar por cima, como uma grande contratação nos clubes para o qual se transferiu. Dessa vez, no Santa, o contrato é de risco e de acordo com o seu desempenho. Como você lida com essa nova fase e o que pretende fazer para reconquistar seu espaço frente ao torcedor coral, que, a princípio, criticou o seu retorno?
CARLINHOS BALA - Na verdade tenho contrato de um ano. Passei pelo Náutico e Sport e vou trabalhar para reconquistar meu espaço aqui novamente. Desde que comecei em 96 no Santa Cruz, sempre meus caminhos foram de pedras. Mas no momento tenho a confiança do treinador Zé Teodoro, do Sandro (Barbosa, auxiliar técnico) e de toda a parte da diretoria, com o Constantino e Albertino (diretores de futebol do Santa Cruz), e da presidência. Isso é bom para que eu possa trabalhar e conquistar novamente o carinho da torcida.
Sobre a sua carreira, você acumulou passagens pelo Beira-Mar, de Portugal, mas acabou voltando para Pernambuco. O que foi que não deu certo para você se firmar fora do Brasil?
Passei três anos lá, foi a duração do contrato. Mas aí o pessoal que tinha me levado saiu do clube e não quiseram que eu continuasse. Como não iam renovar, eu tinha que voltar para o Santa Cruz. Permaneci aqui e consegui anos maravilhosos . Tinha nascido e me criado no Santa Cruz e conseguimos ser campeões pernambucanos naquele ano e conquistamos o acesso para a Série A.
Mas você sentiu dificuldades nesses anos em Portugal?
Claro. Na época que fui para fora do país eu tinha 20 anos. Nunca tinha feito isso na minha vida. Vivi uma situação complicada, porque nunca tinha saído de perto da minha família e lá estava sem os amigos, somente vendo as pessoas pelo computador. Mas foi uma experiência boa e eu cresci bastante na carreira.
Depois que você voltou e esteve no Santa Cruz, despontou no Tricolor e chamou a atenção do Cruzeiro, para onde se transferiu com status de grande promessa em 2006. Entretanto, no clube mineiro, não obteve o mesmo desempenho e passou despercebido. O que foi que aconteceu?
Na verdade passei um ano lá. Comecei com o apoio da diretoria e do PC (Gusmão), mas aí ele saiu de lá e chegou o Oswaldo (de Oliveira). Cheguei no começo do ano e não tive oportunidade. Foi quando o Milton Bivar (então presidente do Sport) solicitou ao presidente para eu vir para o Sport.
Falando sobre essa sua passagem no Sport, você ajudou o clube a conquistar um título importante, a Copa do Brasil de 2008. Porém, começaram as acusações de que você teria problemas de grupo, fato repetido na sua passagem pelo Náutico em seguida. Gostaria que você explicasse a situação de sua passagem por esses times.
Eu até não consigo entender quando falam dessas coisas de problemas de grupo porque eu sempre me dei bem com todo mundo. Mas é aquela coisa, quando querem mandar você embora sempre tem uma desculpa. Sempre respeitei as decisões. O único problema foi a saída do Náutico, que fui cobrar uma coisa de responsabilidade do clube, os salários. Mas isso você vai aprendendo e amadurecendo a cada etapa da sua vida. Foi aí que adquiri experiência.
O que você tirou dessas experiências por ter sido ídolo no Sport, no Náutico e no Santa? Agora, novamente no Santa Cruz, é um recomeço?
Na nossa vida a gente tem que passar a borracha no que passou. Cada clube que eu passo, eu deixo o que aconteceu para trás. Esqueço o passado e penso só no presente. Hoje, me sinto realizado por ter voltado para o Santa Cruz. Foi o clube onde nasci. Sei da pressão por parte da torcida, uns me querem e outros não. Agradeço a oportunidade e, como disse, é trabalhar e ir para o campo para reconquistar a torcida novamente.
Você deixou claro que não iria chegar ao Santa Cruz fazendo alarde, prometendo muito ao torcedor. Seu objetivo é mostrar o desempenho dentro de campo.
Não preciso falar nada não. Todo mundo me conhece, vou trabalhar. O Santa Cruz montou uma equipe muito forte para conquistar o bicampeonato e conseguir o acesso à Série B.
Você já pensa em fim de carreira?
Não, nem penso nisso. Agora, que eu estou com 32 anos, é que vou começar a jogar bola mesmo. Até onde o corpo aguentar eu vou levando.
Você acha que aguenta mais quanto tempo em campo?
Tudo vai depender de Deus. Ele é quem sabe quando a gente vai parar e diz o propósito na vida da gente. O mais importante é ter saúde e dedicação de trabalho para que eu possa alcançar sempre a preparação física ideal.
Falando um pouco sobre a sua característica, você é um jogador que chama a responsabilidade e até já se envolveu em polêmicas com os três clubes daqui. Como está o Carlinhos Bala para este ano, está mais calmo ou ainda polêmico?
Estou mais na minha desde o ano passado, até porque o pessoal da imprensa gosta de provocar (risos). Estou mais recuado e pensando várias vezes no que falar. Acho que o propósito é esse, ficar na sua, trabalhar quieto. Todo mundo fala que por onde eu passo sempre tem uma polêmica, então eu vou trabalhar calado.
Você disse que foi mal assessorado no começo da carreira, mas que, ao passar dos anos, foi aprendendo com os erros. Hoje, está mudado?
Eu continuo a mesma pessoa. Mas a cada canto que passo vou adquirindo uma experiência diferente e vou aprendendo. Isso tudo a gente vai somando.
E o que foi que você tirou de conselho desses anos para a sua carreira?
Quando você é adolescente, fala as coisas sem pensar. Hoje tenho dois filhos e penso mais neles, pois a família é a base de tudo. Penso no que falar até para dar uma educação melhor aos meus filhos.
Voltando a falar em aposentadoria, onde você pretende encerrar a carreira? Seria no Santa Cruz?
É muito cedo para pensar no futuro, ainda tenho que aproveitar a vida. Vou entregar na mão de Deus para ver o que vai acontecer daqui para frente. Mas seria sim, foi um clube em que passei dez anos e seria uma honra.
Sobre o título de "Rei de Pernambuco", neste ano tem bastante concorrentes para tomar seu posto...
Esse negócio do "Rei de Pernambuco" não foi bem assim. Na verdade, eu falei que era "Rei dos Clássicos", mas já que saiu da outra forma, eu assumi. O Campeonato Pernambucano tem bons jogadores que podem brigar para ser o craque da competição. Cada um tem condições de fazer por onde merecer. Eu estou correndo por fora. Os objetivos traçados para o ano é com o Santa, e vamos buscar o máximo possível.



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