Essa fascinação pelo clube vem desde os tempos de menino em Campina Grande, na Paraíba, quando começou a ouvir falar sobre os feitos do time numa excursão feita pelo Norte do País.
Interrompia as peladas que costumava jogar no campo do América Futebol Clube, da sua cidade, para, a partir daí, ouvir as histórias contadas pelos viajantes dos trens que por ali passavam. Ou, vez por outra, as acompanhava através dos jornais que chegavam por lá.
O apego foi aumentado a ponto de Capiba, juntamente com um amigo, fundar o Santa Cruz Futebol Clube da sua localidade.
Foi crescendo e conciliando as jogadas com a função de Pianista no cinema Fox, de Campina Grande. Como as duas atividades, para a época, não davam resultado, prestou concurso para o Banco do Brasil e, aprovado, arrumou as malas e em 1930 veio para o Recife. “Quando chegou aqui já conhecia os feitos do Santa Cruz. Só não o tinha visto jogar”, falou uma vez o compositor.
Dessas façanhas do Clube das Multidões, Capiba não esquecia de uma das mais marcantes daquela época: ter sido o primeiro clube do Norte/Nordeste a vencer um clube do Sul. “Foi algo que jamais sairia da minha cabeça”. Esse fato inesquecível foi um 3 a 2 em cima do Botafogo do Rio de Janeiro. “A popularidade e a garra do Santa era tanta que dominavam todo o povo pernambucano. Era um elenco formado unicamente por rapazes da terra”. O time que consagrou o Santa Cruz naquela época pouco antes de falecer, apesar da idade, ele ainda sabia de cor: Ilo, Jorge, Bebé, Zé do Castro, Teófilo, Manuel Pedro, Nequinho, Miranda, Tiano, Pitota e Eurico.

A memória de Capiba não esquecia também do tricampeonato tricolor de 31, 32 e 33, com um time que tinha, entre outros jogadores, Limoeiro, Tara, Lauro e Carlos Bening. “Eu conheci quase todos, especialmente o Lauro Monteiro, que trabalhava comigo no Banco do Brasil. A defesa desse grupo tinha um conceito anatômico muito diferente do normal. Para os seus integrantes, do pescoço para baixo era tudo canela”, dizia, rindo.
O compositor, que começou a freqüentar a Faculdade de Direito do Recife, onde se formou, foi eleito como um dos conselheiros do clube, porém, por divergências internas, preferiu deixar de lado o cargo e ficar apenas na torcida.
Nos anos 50 começou a juntar suas composições e, como torcedor fanático que era, trazia o desejo de compor uma marcha para ser executada quando o clube das três cores fosse campeão. Aconteceu em 1957, quando a canção foi lançada. Em 1976, um outro supercampeonato, e Capiba fez outra alteração na letra.
Em meio aos festejos pela vitória do seu time, Capiba não se contentava em recordar que o Santa Cruz de hoje nem se comparava com aquele do seu tempo de rapaz. “Ele agora tem um patrimônio invejável”, atestava. E com relação ao plantel, dizia também, mais uma vez, que os clubes deveriam seguir o mesmo caminho do Santa do passado: dar oportunidade aos valores da terra. “O Santa Cruz soube investir nos jogadores locais e se saiu bem, precisamos fazer isso novamente”, avaliou.
O amante torcedor do time das três cores, com seus cabelos brancos e largo sorriso, gostava mesmo era de ir até o canto onde ficava seu piano, e abraçar a bandeira do Santa Cruz. Para ele, era mais outro sonho realizado.

Com a morte de Capiba, o Santa Cruz perdeu um de seus mais ilustres e devotados torcedores, mas, o hino que compôs em homenagem ao supercampeonato do tricolor, com nome de "O Mais Querido" e foi adotado por todos como hino oficial, ficará na história do Clube das Multidões.
O compositor estará sempre na memória da torcida tricolor, quando após cada êxito coral, ouvir-se cantar os refrões em uma só voz:
"Santa Cruz, Santa Cruz, junta mais essa vitória. Santa Cruz, Santa Cruz, ao teu passado de glória”
VIVA CAPIBA! VIVA O SANTA CRUZ!
Nenhum comentário:
Postar um comentário