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sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

TIME DO PÁTIO DE SANTA CRUZ COMEÇA ARRASANDO


Uma goleada de 7 x 0 marcou a estréia do Santa Cruz no cenário futebolístico pernambucano. Já havia muitas equipes espalhadas pelo Recife. O mais tarde tricolor e ainda alvinegro era o mais novo entre tantos clubes que movimentavam o Recife, numa época que, ao contrário de hoje, havia poucas opções para a meninada se divertir.


Antes do primeiro compromisso saldado pelo Santa criou-se entre seus integrantes um clima de extrema expectativa. Todos queriam participar do jogo que entraria para a história. Aliás, o fato histórico era o que menos preocupava naquele momento. Ninguém atinava para isso. O que aquela turma queria mesmo era estar presente ao jogo.

A partida foi disputada no Derby. O campo situava-se entre o mercado, do grande homem de negócios Delmiro Gouveia, que mais tarde cedeu o lugar ao quartel da Polícia Militar, e a ponta que dá para a antiga Rua 4 de Outubro, que liga a Praça do Derby à Avenida Conde da Boa Vista.

O Rio Negro, primeiro adversário do Santa Cruz, não suportou o entusiasmo da equipe estreante, que contava com um jogador diferenciado. Era Carlos Machado. Ele arrasou com o time adversário, fazendo cinco gols. No fim do jogo comemorava-se a estréia auspiciosa do time dos meninos do Largo de Santa Cruz: 7 x 0 sobre o já tarimbado Rio Negro. Abraços, elogios recíprocos e a pressa que cada um dos jogadores tinha em voltar para o local onde se originara o clube a fim de levar a boa nova. O boca a boca era a única maneira de fazer a notícia se espalhar.

Enquanto a garotada do Santa Cruz festejava, o pessoal do Rio Negro ruminava amargamente o fracasso. Aquela derrota para um clube cujo nome ninguém sequer sabia, tornou-se um pesadelo. O Rio Negro resolveu pedir uma revanche. Todavia, impôs duas condições: o novo jogo seria realizado no seu campo, na Rua do Sebo, hoje Barão de São Borja, e o Santa Cruz não escalaria Carlos Machado. A primeira proposta era normal, porém a segunda espantou os dirigentes e jogadores santacruzenses. Mesmo assim, a pretensão do adversário, embora tendo sido considerada absurda, foi aceita pela diretoria do Santa.

Para os jogadores do Rio Negro, a ausência daquele homem, que tinha feito o diabo com sua equipe, seria o caminho da reabilitação. Era preciso apagar aquela péssima impressão deixada no Derby.

O Santa Cruz respeitou fielmente o acordo. Chegou a campo na hora prevista e, logicamente, embora agindo com discrição, o pessoal do Rio Negro teve o cuidado de conferir se Carlos Machado estava entre os que iriam jogar. Todos ficaram tranqüilos ao verificar que o jogador perigoso do adversário realmente não entraria em ação.

Não sabiam os anfitriões que os visitantes tinham levado outro atacante que substituiria com todas as honras o fantástico Carlos Machado. Era Carlindo Cruz, encarregado de assinalar os gols que o outro não poderia marcar.

Encerrado o jogo, os defensores do Rio Negro mostravam-se estarrecidos. Estupefatos e incrédulos, eles tinham levado outra sova do Santa, por um placar mais elástico até: 9 x 0. Carlindo Cruz, o substituto do “barrado” Carlos Machado, fez seis.

Daí para frente, o Santa Cruz foi somando vitórias. As vítimas dos meninos da Boa Vista iam se sucedendo: 15 de Novembro, Varzeano, Casa Forte, Torre, João de Barros, hoje América, e muitos outros que apareceram em seu caminho.

A projeção alcançada pelo novo clube foi tamanha que as equipes se organizavam no Recife com o propósito de acabar com a sua invencibilidade, que já se tornava um incômodo.
Colecionando vitórias, o Santa Cruz ia espalhando seu nome pelos quatro cantos da cidade e conquistava novos integrantes para seu quadro social. 

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