Páginas

terça-feira, 15 de maio de 2012

Presidente Antônio Luiz Neto concede entrevista exclusiva




Quando estacionou o carro na Câmara de Vereadores do Recife, Antônio Luiz Neto virou o centro das atenções. Por cada porta que cruzava, elogios pela conquista. Dos garçons e vigilantes até os campanheiros de casa. Foram tantos cumprimentos e ligações que o celular do presidente do Santa Cruz chegou a descarregar.

Reconhecimento que se estendeu após a conquista do primeiro bicampeonato coral depois de 25 anos. A gestão do clube, inclusive, tem feito o dirigente ganhar respeito dos torcedores rivais. Antônio Luiz Neto contou que recebeu cumprimentos de rubro-negros quando deixava o camarote da Ilha do Retiro, no último domingo. “Parabéns, presidente”, disseram-lhe para a sua surpresa. 

Revelação que se juntou a outras em entrevista exclusiva concedida ao Superesportes por mais de uma hora. O cartola disse que Zé Teodoro, por sinal, por pouco não foi contratado por “desatenção”. Além das novidades, ele falou da possibilidade de sua reeleição e de ser o primeiro presidente coral a conquistar três estaduais. Ainda comentou a situação de Dênis Marques e o cenário financeiro do clube para a disputa da Série C. Mostrou fôlego de sobra para quem durmiu apenas duas horas após a conquista do estado. 

Contra o veto às Torcidas Organizadas 

De forma franca, o dirigente campeão se mostrou a favor da Inferno Coral, a principal organizada do clube. Para ele, o problema é de segurança pública. 

“As torcidas organizadas não podem ser culpadas porque algumas pessoas tomam as ruas para fazer violência. Nós vemos o show que elas fazem. Naquele clássico contra o Sport (na 22ª rodada, na Ilha), faltou o policiamento efetivo. Não podemos culpar a vassoura pela existência do lixo. A proibição acabou prejudicando o público das finais. Acredito que, se tivesse a organizada, teríamos 55 mil pessoas no Arruda (foram 44 mil)”. 

Carlinhos Bala, a dúvida 

Pouco aproveitado no Estadual, o atacante será avaliado nos próximos 15 dias, como todo o elenco. 

“Acredito que o desempenho de Carlinhos Bala foi prejudicado por lesões, mas ele, ainda assim, foi decisivo em quatro jogos. Nós vamos nos reunir com o restante da diretoria e com a comissão técnica para definir as mudanças que possam acontecer no elenco.” 

Reunião com a CBF 

Hoje, o mandatário se reúne com José Maria Marin, presidente da CBF, no Rio, apenas para tratar sobre a Terceirona, com detalhes financeiros. 

“Vai ser uma reunião para tratar da Série C. Entrar nos detalhes do campeonato e tratar de questões como patrocínios e cotas de televisão. O que se comenta é que o Santa Cruz vai ter esse papel de protagonista” 

Sandro Barbosa, a indicação 

Agora auxiliar, Sandro foi o primeiro nome indicado por Antônio Luiz Neto, no fim da gestão da Fernando Bezerra Coelho. Ele comenta a transição da função. 

“Ele foi a minha primeira contratação ainda no mandato do meu antecessor. Dali por diante, começamos a fazer o planejamento. Definimos que só poderíamos contratar dentro do nosso orçamento, aproveitar a base e trazer jogadores de destaque da região ou que estivessem em má fase, mas quisessem voltar a crescer na carreira. Ele foi contratado para ser gerente de futebol e tinha indicado Athaide para ser auxiliar-técnico. Mas ele entendeu que não tinha vocação de exercer essa função e lidar com essas questões administrativas. Depois, eu tive uma conversa particular com Athaide, que me passou que a situação poderia ser resolvida apenas trocando as funções. Sandro ainda não desencarnou da vida de jogador. Ele está em uma fase de transição e, por isso, tem ajudado muito dentro de campo. Ele entende de questões táticas e sabe conversar com os jogadores.” 

Contratação de Zé Teodoro 

Pela primeira vez, Antônio Luiz Neto contou os bastidores da contração do treinador tricolor. 

“Minha diretoria não quis Zé Teodoro no começo. Isso é a primeira vez que eu falo. Estávamos sondando oito nomes, mas todos queriam salários muito altos e eu sempre me recusei a fazer loucuras. Nessa reunião, houve um momento em que o nome de Zé Teodoro foi discutido e, por distração minha, eu acabei não ouvindo o nome passar na hora. Depois, pedi para Sandro falar mais sobre aquele nome. Sandro o indicou e aceitei a opção. Quando eu falei com Zé Teodoro, eu passei que o salario seria de R$ 25 mil. Ele disse ‘presidente, abra seu coração’. Eu disse que já estava aberto demais. Depois, ele me perguntou quanto teria para contratação e eu disse que a folha seria de R$ 140 mil. Ele disse que topava o desafio e já começou a procurar os jogadores de imediato, lá mesmo de Goiás.”

Fica, Dênis Marques 

Tentar segurar o centroavante é a principal missão coral até a estreia na Série C. O plano “Fica DM9” será executado. 

“Ele estava parado há dois anos e veio com um salário que não condiz com o seu futebol. Nós estamos em conversações avançadas para mantê-lo. Esse amistoso (adversário ainda não revelado) vai ajudar bastante e também sensibilizá-lo.” 

Parabéns do adversário

Após o título de 2012, o dirigente revela ter sido parabenizado por vários rubro-negros.

“Quando o jogo acabou, eu tentei sair mas o oficial do Batalhão de Choque disse que não dava. Eu ‘falei rapaz, eu tenho que sair daqui’. Foi quando eu coloquei a cabeça para fora e algum torcedor do Sport me reconheceu. De repente, eles me aplaudiram e disseram ‘parabéns, presidente’. Eu fiquei muito surpreso. Depois daquilo, eu aproveitei e acabei saindo na frente do restante do pessoal que estava no camarote.”

Dívida do clube

Dívidas a curto prazo e com juros em cima de juros tiram o sono do presidente, que busca soluções para equacionar o rombo histórico do clube. 

“O Santa Cruz não paga a dívida, administra. Na Justiça do Trabalho, a gente tem pago através da arrecadação do Todos Com a Nota. Tudo que é arrecadado é passado. Já a dívida cível e fiscal, a gente tem tentado retornar ao Timemania. A situação do Santa Cruz ainda é muito ruim. Só vai melhorar de alguma maneira se voltarmos para Série B, com o aumento da cota do televisionamento e de patrocínios, e poder negociar a dívida assim como Náutico e Sport fizeram.”

Folha salarial

O dirigente voltou a frisar sobre a dificuldade financeira do clube, com dívidas milionárias, e com o gasto mensal do clube. A folha atual é quase o triplo do time em janeiro de 2011.

“A realidade da Série C para a D piorou. Teve que dar um upgrade no time e isso aumentou as nossas despesas. A Neoquímica acabou saindo e a gente perdeu R$ 150 mil por mês. Só isso já é muita coisa. Mas só com os funcionários o gasto é de R$ 200 mil.”

São Paul McCartney

Os dois shows do ex-beatle salvaram o caixa coral no Estadual. 

“A gente arrecadou R$ 1 milhão com o show e já gastou tudo. Pagou fevereiro e um pedaço de marco. Nesse espaço, ainda tiveram 13 ou 14 bichos que precisaram ser pagos. Milagrosamente, estamos em dia. Foi São Paul”

Eleições, com prudência

As eleições do Santa Cruz para o biênio 2013/2014 devem acontecer em dezembro. Por enquanto, um tema vetado pelo atual gestor. 

“Prefiro não antecipar a minha continuação. Antes, eu vou disputar minha reeleição de vereador e não gosto de misturar as coisas. Mas já me cobram muito no clube para isso, querendo que lance logo a chapa para reeleição.”

Pelo Todos Com a Nota

A partir de 2013, os clubes da capital só serão beneficiados pelo programa se aceitarem jogar na Arena Pernambuco. Ideia rechaçada pelo mandatário. 

“Não acredito nesse tipo de posicionamento. Não seria interessante para o estado e nem para os clubes que têm estádio. O Todos Com a Nota tem dado certo sem ingerência nos clubes beneficiados. É um projeto que beneficia a política fiscal do estado e leva um público que não teria acesso ao futebol, mas não deve ser confundido com a gestão particular. Seria pouco político, antipático e contraria os interesses de grandes torcidas. O Santa Cruz tem casa e comando. Eu não vou levar para a arena, que tem 44 mil lugares e não comporta metade da minha torcida.” 

Presidente mais vitorioso

ALN foi o 5º presidente do clube a conquistar dois títulos estaduais. Até hoje, ninguém venceu três. 

“Os títulos foram felicidade distintas. O 2011 foi instauração da esperança. Em 2012, a prática da esperança. Em 2013 seria a consolidação. O que tem que ser vitorioso é o projeto que está sendo implantado. A pessoas precisam entender que o presidente é mais um, e que o clube está acima de todos.”



Nenhum comentário:

Postar um comentário