Páginas

sábado, 8 de dezembro de 2012

Conheça a história de Marcelo Martelotte, o novo técnico do Santa Cruz



A PRIMEIRA PASSAGEM PELO SANTA

"Em 1993 a história foi simples. O vice-presidente da época, José Neves, foi para São Paulo em busca de um goleiro para a disputa do segundo turno do Pernambucano, já que no primeiro o Santa não tinha ido bem. Assistindo alguns jogos pelo interior, ele viu o Bragantino atuar e como o Campeonato Paulista já estava perto do fim, ele acabou negociando com a nossa diretoria.

Voltei para o Recife com o José Neves e com o atacante Washington. Éramos justamente as duas peças que estavam em carência no Arruda e não só fizemos um belo segundo turno, como também conquistamos o campeonato."

A MAIOR LEMBRANÇA QUE TEM DO SANTA

"São várias. Quando conversamos lá no Sul sobre futebol, onde as pessoas não acompanham o Estadual daqui, eu costumo dizer que tive no Arruda a melhor fase da minha carreira e algumas pessoas nem acreditam. Para você ter boas atuações, é preciso estar feliz, e aqui eu era muito feliz.

As lembranças são as melhores possíveis, mas tenho certeza que para qualquer atleta que tenha vestido a camisa do Santa e precise responder esta pergunta a resposta é simples: A torcida.

A torcida tricolor é maravilhosa. Sempre lota os estádios e deixa qualquer um arrepiado. São poucas torcidas no Brasil que têm um comportamento assim."


A DECISÃO DE 1993
"Aquele jogo é inesquecível. Sei que existem até livros onde se conta essa história.
O estádio estava lotado, tínhamos perdido o primeiro jogo da final (aquela tinha sido minha primeira derrota com a camisa do Santa) e o Náutico ainda tinha a vantagem do empate no segundo jogo. Nosso artilheiro foi expulso ainda no primeiro tempo e logo depois eu falhei em uma cobrança de falta de Paulo Leme. Estava tudo dando errado.
Na seqüência nos equilibramos e reagimos. Felizmente conseguimos virar e levamos o jogo para prorrogação. Nos superamos em campo, mesmo com um jogador a menos em campo e tendo vários atacantes no time, devido as alterações feitas em busca da virada, e conseguimos segurar o placar.
Lembro ainda que o time naquela final ainda estava modificado, pois alguns jogadores considerados titulares estavam contundidos. Foi o caso do zagueiro Índio, do volante Leomir e do lateral Marco Antônio.
Entramos em campo comigo no gol, Araújo na lateral, Júnior Cordel e Reginaldo na zaga, Quinho na esquerda, Mazo, Fernando, Serginho (um garoto que estava surgindo com muita qualidade) e Marcelinho (um ponta direita que veio do Mogi Mirim) e na frente eram Washinton e Marcelo. Depois entraram o Célio e o Gil para o time ficar mais ofensivo.
Acredito que o maior motivo de sucesso daquele elenco foi a união de todos e a qualidade técnica unida a raça. Tínhamos jogadores habilidosos e experientes, como o Washington, que jogando apenas metade do campeonato conseguiu ser artilheiro disparado com 22 gols, e também jogadores de força como o Leomir."
A SEGUNDA PASSAGEM PELO ARRUDA
"Fui para o Santos com o Wanderley Luxemburgo em 1997 e em 1998 chegou o Leão. Como ele não me deu muitas oportunidades, resolvi sair. Tive um convite do Santa e não pensei duas vezes.
Era um momento importante para o clube. Naquela época estavam investindo na contratação de grandes jogadores. Cheguei aqui junto com o Luiz Carlos, depois vieram o Mancuso, o Almandoz, o Paulinho Mclarem e o Marcos Adriano.
Fizemos uma campanha boa, mas infelizmente não conseguimos o título. O Sport tinha uma equipe muito entrosada e nós estávamos ainda nos conhecendo. Conseguimos derrotar eles no Arruda, mas acabamos perdendo a final.
Ali pelo menos plantamos uma semente para que no Brasileiro pudéssemos fazer bons jogos e conquistar a vaga para Série A."
A MAIOR ALEGRIA COM A CAMISA TRICOLOR
"Não há como citar outra coisa se não o título de 1993. Mas posso falar também de um jogo diante do Sport, na final do segundo turno de 1999, quando vencemos eles no Arruda."
A MAIOR TRISTEZA
"Quando você passa por tudo que eu passei aqui, o pior momento é sempre o de ir embora. Infelizmente, na metade do Brasileiro de 1999, eu tive uma lesão no púbis e acabei ficando impossibilitado de atuar.
Tentei voltar algumas vezes e não deu. Esse momento foi muito ruim. Queria estar junto do grupo e não pude. Acabei tendo um problema com o presidente Jonas Alvarenga e meu contrato foi rescindido."
A MELHOR DEFESA
"Joguei mais de 60 jogos pelo Santa. Minha passagem aqui foi maravilhosa, a melhor da minha carreira. É difícil citar apenas um jogo. Em 1999 tive muito trabalho para segurar o ataque do Sport, mas consegui."
A TORCIDA DO SANTA CRUZ
"Não há como definir. Lembro de dois fatos que até hoje eu conto aonde eu chego. O primeiro aconteceu em 1998, quando eu nem estava aqui. O Santa estava para cair para Série C, era uma quarta-feira chuvosa e mais de sessenta e cinco mil pessoas empurraram o time para cima do Volta Redonda.
O segundo foi na final de 1993. Aquilo me emocionou tanto que até hoje quando eu relembro os fatos sinto novamente aquela sensação. Eu olhei para o placar eletrônico e vi pela hora que o tempo da prorrogação já tinha acabado. A bola havia saído pela linha de fundo e eu retardei a cobrança do tiro de meta. Já tinha levado um amarelo em um lance parecido e o Wilson de Souza se encaminhava até mim. Pensei que iria tomar o vermelho, mas em menos de cinco segundos a torcida já tinha lotado o gramado e ele teve que acabar a partida. Foi demais!
Só quem já participou da história do Santa sabe o que representa esta torcida e o que ela pode fazer."

Nenhum comentário:

Postar um comentário