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terça-feira, 15 de janeiro de 2013

Luciano Veloso, a Maravilha do Arruda!

Arquivo/DP/D.A Press
Luciano Veloso é um dos maiores jogadores da história do Santa Cruz

Luciano Veloso teve uma carreira de sucesso atuando como meio-campo, mas tinha faro de gol como poucos atacantes. Ele é o segundo maior artilheiro da história do Santa Cruz. Foram 174 gols marcados em 409 jogos. Virou a Maravilha do Arruda logo no começo da carreira como profissional. Era talento de sobra para o definir as partidas com a bola rolando e nas cobranças de falta. “Hoje, um jogador que parece mais ou menos com o nosso futebol é o Paulinho, do Corinthians. Um meio-campista que chega para finalizar”, compara o ex-jogador de 64 anos.

Apesar do dom para balançar as redes adversárias, Luciano Veloso guardava uma peculiaridade nas suas comemorações. Ou melhor, na falta de comemorações. Assim como o astro italiano Balotelli, ele entendia o gol como uma obrigação. Extravasar não era com ele. “Não era marketing. Eu não vibrava mesmo. Hoje, a gente vê todo munto pulando e tirando a camisa. Para mim, era um dever cumprido. Eu via o gol como compromisso”, afirma. É sobre esse personagem irreverente nas atitudes e no visual - Luciano adotava o estilo blackpower - que o Por Onde Anda de hoje retrata.

Os apelidos
Antes de receber alcunha de a Maravilha do Arruda, em 1969, Luciano Veloso era conhecido como Dodô. O apelido veio com ele desde a terra natal, Pesqueira, até que um dia o treinador Alexandre Borges resolveu mudar a história. “Havia o goleiro chamado Naércio que também era conhecido Dodô. Teve um dia que Alexandre falou: ‘vamos parar com essa história de apelido. Vamos chamar todo mundo pelo nome’”, lembra.

Chegada ao Arruda
Apesar de ser natural de Pesqueira, o primeiro clube em Luciano Veloso atuou na base foi o CRB. Certa vez, o time alvirrubro encarou o Santa Cruz em uma partida amistosa. Era a comemoração pelo título dos juniores. “Na entrega das faixas, um jogador do Santa Cruz chamado Zé Luiz perguntou se eu tinha interesse de ir para o Arruda. Eu disse que sim. Ele acabou facilitou a minha ida”, conta.

A partida, disputada em um sábado, acabou em 3 a 2 para os tricolores. Luciano, porém, havia deixado uma bela impressão. Marcou os dois gols dos alagoanos. Na ocasião, um diretor do clube coral já deixou o dinheiro da passagem para o então atleta promissor. Na quarta-feira, o meio-campista já começou a escrever a sua passagem de dez anos pelo Arruda (1965 a 1975).

Fim do jejum e início do penta tricolor
Luciano Veloso, além de talentoso, passou a ter a fama de um jogador pé quente. A sua carreira ficou marcada pela quebra três jejuns de títulos em clubes distintos. Em 1975, foi no Sport que não levantava uma taça há 12 anos. Em 1977, no Corinthians. O Alvinegro passou em branco por 22 anos. O primeiro da série, porém, foi no Mais Querido, em 1969.

O destino ainda reservou a Luciano a chance de fazer o gol da conquista. “Tenho a memória bem fresca ainda. O jogo foi contra o Sport nos Aflitos. Tinha uma falta no lado da barra do Country Club. A partida estava em 1 a 1. Teve a falta e nós cobramos bem”, declara o ex-jogador, que costuma dar declarações no plural.

Foi o começo do pentacampeonato tricolor, em que Luciano foi protagonista. Ele marcou 69 gols na campanha e foi o artilheiro dos cinco títulos junto com o atacante Fernando Santana. Além disso, foi quem mais atuou. Este presente em 126 dos 131 jogos.

Quase na Copa de 1970
Em grande fase no Arruda, Luciano Veloso esteve muito perto de fazer parte de um dos maiores times da história do futebol. O atleta entrou na lista de 40 jogadores que poderiam defender o Brasil na Copa do Mundo de 1970. O atleta, contudo, acabou não fazendo parte da equipe comandada por Pelé que conquistou o tricampeonato.

“Ficamos na relação se tivesse a necessidade de chamar alguém caso houvesse contusão. Não lamento ter ficado de fora de jeito nenhum. Só torci e torço até hoje para que a Seleção tenha jogadores da região”, afirma Luciano, que nunca vestiu a camisa da Canarinho.

Mudança para o rival
Depois de alcançar a glória no Santa Cruz, Luciano Veloso virou objeto de desejo do Sport. Nos últimos 12 anos, o Rubro-negro assistira aos rivais chegarem a glória. Primeiro, foi o hexacampeonato do Timbu. Depois, o penta da Cobra Coral. Pressionado, o presidente leonino, Jarbas Guimarães, começou a montar o que ficou conhecido como o Supertime.

A contratação de Luciano, na verdade, aconteceu nas vésperas do Carnaval de 1975 e foi uma descoberta do Diario de Pernambuco. Veio como um bomba. Luciano foi o Craque Ressaca da época. “Eles conseguiram me arrastar do Santa Cruz. O treinador Duque tinha boa referência nossa como pessoa e jogador. Ele também nos levou para o Corinthians e não deixamos a desejar. Fomos campeões lá também assim como no Sport. Ele não queimou as suas fichas apostando no nosso futebol”, diz.

Jogador e treinador do Náutico
Luciano Veloso ainda teve tempo de mostrar o seu futebol nos Aflitos. Em 1982, ele passou plantou a semente para retornar ao clube como técnico. “Fui vice-campeão como treinador (em 1993, na segunda passagem pelo time) e jogador. Sabem que o título de vice no Brasil não existe, mas vale para o nosso currículo”, afirma.

As passagens de Luciano nos Aflitos se devem a dois alvirrubros ilustres. Primeiro, ainda quando ele era jogador, o então senador Wilson Campos entrou em contato com o atleta que estava na Portuguesa. Depois, quando acabara de disputar o Pernambucano de 1983 pelo Central como jogador, Américo Pereira fez um convite. “Ele nos chamou para ser treinador e acabamos indo. Fizemos uma bela campanha e deixamos o Náutico em 6º no Brasileiro”, conta, lembrando da melhor campanha da equipe na Primeira Divisão.

Luciano também rodou por vários clubes da região como treinador, mas essa é uma profissão que ele não quer mais seguir. “A responsabilidade do treinador é só na derrota. É uma profissão muito ingrata”, declara.

Projeto em Pesqueira
Luciano Veloso agora tenta ensinar o que aprendeu com a bola para garotos da sua terra natal. Em Pesqueira, ele comanda um projeto de futebol com garotos entre 7 e 17 anos. O nome é Escola da Bola.

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